Caiu do cavalo quem pensou que Sandy não
daria conta de encarar com nobreza o repertório de Michael Jackson. No
show que traz nessa segunda-feira (21) a São Paulo, a cantora e sua
banda recriam com inteligência e bom gosto canções de diversas fases do
artista –do menino prodígio do Jackson 5 ao astro mundial de “Thriller”.
A estreia nacional aconteceu no sábado (19), em Curitiba, como parte do Circuito Cultural Banco do Brasil. Além de Sandy cantando Michael, o projeto traz o repertório de Chico Buarque visitado por Maria Bethânia –que tem apresentação paulistana na terça (22)– e as canções de Roberto e Erasmo Carlos recriadas por Lulu Santos –repetido por aqui na quarta (23). A direção é sempre de Monique Gardenberg.
E –quem diria?– Sandy é mesmo a maior
surpresa do pacote. Ela consegue escapar de todos clichês que envolvem a
memória de Michael.
Os arranjos instrumentais, criados por
ela com sua banda e o marido Lucas Lima, transformam delicadamente as
canções sem descaracterizá-las. Não é que Sandy faça feio nas mais
animadas, como “Bad”, “Billie Jean”, “Thriller” e “Don’t Stop Till You
Get Enought”. Mas é nos números mais lentos que a cantora brilha de
fato. Parece que foram escritos para a voz dela.
Exemplos? Calcado em piano, baixo e
bateria apenas, “Ben” ganhou ares de cool jazz. “Music and Me” e “I’ll
Be There” têm sua raizes folk realçadas pelos violões de aço. E até
“Earth Song”, cafoníssima na interpretação original de Michael, ganha
sobriedade e elegância na versão de Sandy.
Ela e Monique são precisas também na
escolha dos elementos extramusicais que ajudam a trazer para o palco o
universo do artista. Usam o chapéu, o colete vermelho de “Thriller”, a
luva, os paetês. Mas nada é mera fantasia carnavalesca, ninguém quer
imitar Michael Jackson. Os objetos apenas insinuam o universo do cantor.
Em vários momentos do show, Sandy faz um
paralelo entre sua história e a de Michael, “a vida dele foi exposta ao
mundo desde pequeno, coisa com que me identifico”. Talvez seja por
esses espelhos, “Man in the Mirror”, que ela consiga vê-lo além das
caricaturas. E é preciso admitir: ela sabe do que está falando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário